NÃO HÁ MAIS ESPAÇO
A Terra tremeu,
O Homem gemeu,
O todo sofreu.
Não há mais espaço.
A vida é aço,
Concreto de breu.
A Terra encolheu.
O mar agitou
A rocha rachou
A seca reinou.
Já escureceu...
O lixo venceu.
Pela contramão,
Nos roubam as mãos
Da corrupção.
Não há mais espaço
Só grito assustado.
Ao míssel cruzado,
Do alvo alvejado
Só resta um adeus.
Não há mais espaço.
A Terra gritou
Seu medo ecoou...
No mediterrâneo
Seu engano afundou.
O Homem insano
Recolhe aos pedaços
O que abandonou
Ao zelo de um deus.
Se auto endeusou!
A fé afundou.
Já submergiu
E então explodiu.
As ondas gigantes
Já chegam a montante
A inundar as cidades
Com as insanidades.
Lá nos gabinetes
Planejam foguetes
Ao boçal fugidio.
Que dá arrepio!
Não há mais espaço
Para aonde correr...
Da dor a bater.
Só ossos da fome
Que o Homem consome
Ao seu bel prazer:
Consome os seus,
Os nossos ,
Os teus!
Tenaz arrogância
Em toda governança
Que já se perdeu.
Não há mais espaço
No palanque patético
Ao vil do arquétipo.
Desfilam em carcaças
Todas as fumaças
Do que prometeu.
Jaz seu nunca apogeu.
Ilusórias falas
Elegeram a desgraça
Ao que nem nasceu!
Retrato falado
É Homem assustado
Com o que lhe aconteceu:
Auto antropofagia.
Que a morte do dia
Condena ao breu.
O mar recuou
No rochedo orou.
Não há mais espaço
Aos recém-chegados
Corpos estraçalhados.
Moribundas falas
Todas mortas nas praias.
Tristes amontoados
Em ruínas humanas
Das mãos tão profanas.
Não há mais espaço.
No próprio espaço
Às estrelas cadentes.
Vagam sem vertentes
Astros sobreviventes
De mais uma explosão:
Míssel em evolução.
Não há mais perdão!
Nem céu no horizonte
Nem futuro ao ontem.
Só há vidas no chão
No perene cenário
Da nossa escuridão.
Sequer à vida de aço...
Já não há mais espaço.
Nota: poema com endereço certo.