VAGO VOO.

Me acho insignificante,

misturo-me no mesmo

saco das coisas invisíveis,

o simples me antecipa e

me encanta,

sou sabiá nas manhãs,

nas noites me extravaso,

sapos orvalham o sertão

e os sonhos,

formigas derrubam matas,

o que me satisfaz

não faz falta ao mundo,

vivo de micharias ,

os cantos da noite

me repletam mais que

concertos,

fui gerado para reverenciar

o que o mundo não vê,

a aurora é minha,

nela deposito meu olhar,

minhas mãos me apontam

o que o mundo não come,

meu corpo evola

sobre rios e riachos,

pássaros atravessam

o silêncio,

eu a vida,

amo no habitual das pedras,

entro e saio dos meus

abismos,

corrijo minhas trilhas

medindo o sertão,

sou dia e noite,sol e

estrelas,

sou adequado para águas

de riachos,

essas que lavam as areias

e esculpem as praias,

sou o que há em

Tizil e Garças,

as mãos do sertão

me embrulha,

fico viável para passos

curtos e longos,

estou onde não me encontro,

lá me preparei para

estar aqui,

sou o que vem após as podas,

o mundo leem as poesias

com olhos,

os poetas as leem com a alma,

vi uma paisagem se escondendo,

paro o poema, para salva-la,

me retiro, estou noutro pote,

ei de escapar-me,

mas sei que longa

será a estrada,

vago voo, nesta eterna

"modernidade".

Divino Ângelo Rola
Enviado por Divino Ângelo Rola em 11/09/2017
Reeditado em 11/09/2017
Código do texto: T6111345
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