LARVAS À MESA

Sobre a cabeça empalada

O corvo busca gordas larvas

Nascidas dos pensamentos

A tanto apodrecidos e idos.

Bica o corvo o buraco do olho,

A cavidade do nariz caído,

Lambe em último recurso

A cera do ouvido entupido.

Atrás do tímpano rompido

Finalmente acha as larvas esperadas.

Serve-se o corvo no banquete dos condenados,

A praga imposta pelas mãos dos carrascos.

De barriga cheia e pesada

Voa alto o corvo satisfeito,

Mas logo voltará à mesa.