DOCE ANGÚSTIA (in: Goiânia Post-Mortem)
Doze horas intermináveis,
Alternando entre as lágrimas e o sono.
Que fazer?
Esquecer?
Impossível...
Não poderás ser minha,
Mas eu sou teu,
Sempre fui.
É teu meu coração;
São teus os meus poemas...
O que me resta é a saudade,
A memória de teu sorriso
(Belo, belo!)
Os detalhes de tua pele,
A pinta perto de tua boca,
A pinta em tua mão...
Estou condenado a viver
Essa doce angústia
Que é lembrar de ti
E dos raros momentos
Que juntos estivemos,
Momentos que alimentaram minha esperança
De que um dia poderia ser feliz
Ao teu lado.
Ledo engano!
Mas não te posso culpar:
Não posso dizer a quem deves amar.
Quisera eu que fosse a mim!
Mereces ser feliz
E eu to faria,
Se me aceitasses.
Mas pouco mais me resta,
A não ser esse sentimento
Estranho e misto
Que traz ao rosto
Ao mesmo tempo
Uma lágrima
E um sorriso,
Essa doce angústia,
Esse abraço vazio...
Beijo o ar à procura de teus lábios;
Agito as mãos em busca das tuas;
Já não estás aqui...
Dói-me o peito ao pensar que será outro
Que não eu
Que te beijará os lábios
E fará de tua cintura um piano;
Que dançará contigo
E te embalará ao som das pedras;
Que te conduzirá ao portão de tua casa,
E em seu pescoço tu envolverás os braços morenos,
Os mais belos que já vi!
Lágrimas me escorrem do rosto ao escrever essas palavras,
Palavras que me são duras
Por serem elas verdade.
Mas não quero que leias
E te compadeças de mim.
Não,
Sê feliz!
Ama, diverte-te,
Aproveita as coisas simples e belas
Da vida!
E quando em algum momento te lembrares de mim,
Que seja com um sorriso no rosto!
Obrigado por me ter proporcionado
Momentos tão felizes,
Os mais belos de minha vida!