no dia em que tinhas morrido
No dia em que tinhas morrido
No dia em que tinhas morrido,
Esbaforido de suores frios,
Poderias ouvir os grilos
Orquestrados nesse vazio…
No dia em que tinhas morrido
Ainda miavam os gatos
Nos telhados carcomidos…
À fuga dos cães vadios,
Seus parceiros para a fuga.
No dia em que tinhas morrido
Sentindo a alma soltar-se
Desse corpo dolorido
De saudades…
No dia em que tinhas morrido
Já tão fraco, sussurrando
Uma sede inexistente
Lembrando a água da fonte,
As fontes das felicidades…
Por alguma maldade delas
A lembrar-te passagens
Que havias deixado
Esquecer dálias…
No dia em que tinhas morrido,
Num colchão fedido, urinado,
Colhias a unção derradeira
De seus entreveros, o Padre.
Acenderam-se as luzes
Além da janela apagada
Ao sol da tarde…
No dia em que tinhas morrido
Não chovia, como antes,
Não aplainava seus constantes
Apelos às enxurradas…
Mas apenas os olhares mudos
À volta de sua cama
Deixavam-se em murmúrios
Sobre fatos e boatos
Desse dia fatídico, como
Tivesses morrido de verdade,
Uns comentários maldosos
De já vais tarde…
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