DIVAGO
Divago...
Às vezes,
como as ondas mansas do mar
fazendo amor com a areia,
às vezes,
como tsunamis mostrengos
querendo me engolir no espelho.
Divago...
Às vezes,
daria apenas uma nota
no rodapé da página,
às vezes,
volumes infindáveis
de enciclopédias.
Divago...
Viajando por meus
labirintos,
ensaiando equilibrismo
na corda bamba,
também danço ciranda.
Aqueço,
esquento,
amorno,
esfrio,
me ostentando
dentro das minhas
bolhas de sabão.
Divago...
Viajo,
passo por manadas,
sábios,
psicodélicos,
errantes,
ignorantes,
crentes,
viciados,
excluídos,
doidos varridos,
de cada manada
recebo convite
para ser um deles.
Divago...
Viajo,
por paralelas curvadas,
fazendo pirraças
com os buracos negros,
minha velocidade
causa inveja
nos anos-luz,
ainda vou me agarrar
ao rabo flamejante
do infinito.
Divago...
Viajo,
mas sempre com medo
de perder o trem da volta,
que nem sempre
é o trem das sete,
e nem o das onze.
Nas dúvidas,
nas incertezas,
nem sei
se é cult,
brega
ou sina,
divagar viajando sentado
num banco de esquina.