Às cegas
O que fazer quando não se enxerga?
Tateia-se às cegas
pela teia da ilusão
e vai se mirando,
atirando no escuro
para ver se se acerta
aquele coração?
Ou se fica mudo,
quieto num canto,
esperando uma porta aberta
ou um sino tocando?
O que fazer quando o outro
não acende a luz
e não se mostra?
O que fazer quando a crosta
é impenetrável
mas seduz, reluz
como ouro?
Caminho de cruz...
raro tesouro
no fim do arco-íris.
Na íris daqueles olhos
me demoro,
rio e choro
por todos os poros.
Viro rio e mar,
me deixo enfeitiçar,
me enredar pelas teias.
Sinto o sangue nas veias
pulsando, expulsando temores e dores.
Estou às cegas,
catando flores
nas estradas,
sem regras,
sem certezas.
Luzes apagadas...
Sensações acesas...