COMO UM CÃO
Eu preciso acreditar
que sou feliz,
mas me sinto tão perdido
como um cão ao ouvir fogos de artifício,
que se explodem feito canhão.
Eu me encosto entre duas mulheres
que dizem me amar;
uma transporta meu filho em sua barriga...
A outra só quer intriga para me arrasar.
Então não quero mais nada.
Não sinto mais desejo.
Não tenho namorada.
Nem tampouco quero o beijo
do cão que mordeu minha mão,
pois eu preciso acreditar que sou feliz...
Mas me sinto tão perdido como um cão
numa noite de São João...
Nova Serrana (MG), 7 de junho de 1989.