Última Sonata

Das minhas as tuas verdades/

Não consigo mais negar a minha tristeza/

O mundo está perdido/

A esperança ainda vem do acreditar/

Que somos suscetíveis ao amor/

Porque existimos dele/

No entanto, não adianta mais se enganar/

Pensando que é possível/

Resigna-lo desse caos/

Alheios a tantos desacertos/

Os oportunistas, os ambiciosos, os preconceituosos/

Os corruptos e imorais tem o domínio/

E a imperfeição que traz o homem recende a alma/

O sistema em voga, não pode ser do imortal/

Tão puro, em amor, seria incapaz de inventar o mal/

O anjo, que governa te chama/

Oferecendo sempre além da necessidade da vida/

Procura nas tuas fraquezas/

A palavra de conforto pra tocar o teu coração/

Olhes ao redor e penses no que digo/

Se realmente precisas além do amor/

Pra seguires nessa vida com sentido/

Se tiveres dinheiro o que consegues comprar/

O prazer momentâneo, o êxtase fulgás, o destaque nos jornais /

A liberdade de ir e vir, o brilho dos metais/

A felicidade está onde os olhos não veem/

O sistema te chama/

Compra o teu coração/

Põem correntes no sangue e toma a tua alma/

Milhares perdem a cabeça/

Com ela, vão famílias inteiras/

Em verdades, a moda é inventada/

Estereótipos sociais/

Indivíduos individuais/

Morte celebrais/

A cada segundo/

Esviscerar os menos favorecidos/

Enquanto os bem nascidos/

Inebriados pelos risos, pela fartura das necessidades materiais, drogados e convencidos/

Procuram na escuridão do vazio dos seus olhos/

No desassossego eterno das suas angustias internas/

A luz pra viver em paz e não encontram/

Compatriotas da dor/

Não esperem o paraíso vir dos céus/

Pois vossos pés nele residem/

E só irá ver e compreender o que eu digo/

Se você sair do seu inferno/

Pois não são, as flores, os rios e o verso dos pássaros/

Sob a chuva da fertilidade a alegria das crianças na cidade/