Egóico
E tudo se trata de mim,
Meu medo, meu meio, meu fim,
Meu ânimo e meu estopim,
Meu julgo, meu jeito, meu sim!
Vivendo como convém a quem vive dentro de mim.
Meu trago, meu trono, meu bem,
Retrata-me e tudo se trata apenas e sempre, aquém
Do todo que não me desata.
Meu ego apertado se agita
Tentado transpor o espaço de sua casula bonita.
Pequeno, assaz limitado,
Infecto, degenerado,
Doente, rançoso e estafado,
Espaço adjetivado de gozo, impulso e impacto!
Um ciclo que a si mesmo encerra
E anseia num só rompante
Desgarrar-se de seu caminhante e habitar toda a face da terra.
Furor, esplendor, decadência!
Que dane-se a consciência.
Anelo o total frenesi!
As minhas suspeitas entrego,
Superego, o eu teme por ti!