HORA DO RUSH
Na tua esquina,
dobro meus beijos,
e cruzo a avenida
dos teus abraços.
Pego carona
na ternura do teu olhar
a trafegar no burburinho
desse uber,
nessa urbe de emoções.
Sinal aberto para cruzar
os destinos que me levam
até onde nem sei.
Sigo em frente.
O amor, a poesia,
essas ruas por onde ando,
carregam sempre
o espanto.
Há uma praça no final
do caminho.
Um poeta de pedra,
um lenço de seda, uma saudade azul,
um moinho de vento.
Agora, me desencontro e,
aos poucos, nesse corre-corre,
um pedaço de mim,
a cada esquina, morre.
Piso fundo no acelerador,
a vinte mil léguas de desatino.
Vou ali revirar oitenta mundos.
E nem sei se volto.
* José de Castro, jornalista, escritor, poeta. Autor de Quando chover estrelas e Apenas Palavras. Membro da SPVA/RN e da UBE/RN. Contato: josedecastro9@gmail.com