O DEDO

Sou dedo, que quando me dédo

me enleio nos enleios dos escanteios

das macegas que enxerga as cegas...

Que me leva sem relar, me leva em

sua leveza, me leva na trela,

desse seu levar.

Sou dedo, que quando me aponta...

Sua ponta me atonta, me entrega,

sob, bordoada com sua apronta,

e desafronta em bronca, sem ponta,

e que sem ponta aponta em minha

direção, essa sua viciosa carranca.

Sou dedo bronco, e como tal...

Eu me desaponto com seu confronto,

assim todo tonto... Me amedronto,

com sua ponta a qual, toda vez

que me mira com sua mira...

Me atonta.

Dedo, duro impuro, porque não!

O dedo que dedou os horrores do cão...

Dedo que furou o bolo

arrumou rebolo

e tremendas confusão...

O dedo que não tem boca, não tem fala mas,

maltrata o coração...

O dedo que todavia tem parte

com a arte do velho escariote

e que mesmo sem falar,

as vezes diz sim!

as vezes diz não!

Antonio Montes

Amontesferr
Enviado por Amontesferr em 27/08/2017
Reeditado em 27/08/2017
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