Um não lugar
Como um Hermes brasileiro
sou dividido,
neste mesmo país,
por inteiro.
Ao plano baixo,
subo sem ser percebido.
Enquanto no alto,
não sou mais que isso.
Seria bom mesmo
se não existisse nada disso.
Por onde vou,
dois lugares de modo distinto.
Dizem que vale o coração,
mas o meu externo,
não sei ao certo
quanto vale então.
Pois a única certeza
é sofrer desse jeito
um estranho preconceito
entre os próprios irmãos.
Surge, assim, a pergunta
que aprendi a rejeitar:
É possível ser diferente
num país de cartas marcadas?
Para mim, só resta
a paciência
por não corresponder
à aparência
sempre procurada.