Agosto

Já tinha falado antes e sempre de Agosto

Já tinha feito o trocadilho vagabundo

Do sentimento sem gosto

Mas sinceramente, esse mês sempre surpreende

É tão frio, é tão opaco

Dessa vez ele abriu as asas

E viu novos horizontes, em um voo rasante

Agarrou-se a carcaça,

E entregou aos chacais

O cotidiano que vos fala

Era a pura teoria da relatividade!

Explicando o tempo que se arrasta

A hora que não passa

Na sala, nas salas, tantas salas

Tantas caras, poucos rostos

O mês de Agosto, destruidor

Para o cético supersticioso

Desde o gás que acaba

Até ao fôlego que falta

Desde o roubo do tempo

Até o roubo do cheiro

Desde a decepção

Que sempre é o de sempre

No mais, nada de evolução

Nessa humanidade louca e doente

Que vá embora e não volte nunca mais

Que pule de Julho a Setembro

E no fim, dando a Dezembro

Sessenta dias a mais!