ilustração/Portal Raízes

                             " in memoriam" ao poeta Manoel de Barros
                                             (reedição)
       Sorria Manoel
      sorriam todos os Joãos
      sorriam todas as Marias
     só tu concebeste  poemas sem pecados
     só tu falavas o idioma dos pássaros
     só tu lias e escrevias em passarês
     só tu conhecias das memórias das pedras os estilhaços
     das memórias dos fósseis as areias movediças
      dos itinerários  dos pântanos o coachar lambedor
      as andorinhas te bem desguiavam
      antes do café da manhã e gostavas
    
     sorri  Manoel
     esteja  sempre  este teu  sorriso
     sorriso  de susto eterno
    de conhecer das cores/ os andrajos das tintas
    das árvores/ o sono e as insônias delas
    de saber  da idade de tantos  arvoredos cegos
    de  conhecer tantas declinações de poemas andarilhos
   
   Seja a tua graça Manoel/ sempre  benta
   a voejar das  águas bentas dos teus rios
   agora  pássaros-rios como tu
   minas de verdades donde se guardam os teus minérios
   leite puro  da árvore  donde nasceste
   da qual  te amamentaste  com  teu olhos sempre em extase
   tu árvore carne sempre poesia
   nua  ao fiel da balança   tua alma
   garçando sobre os peixes do pantanal
 e no anzol  pescar palavras/
 aquelas que não mais existem...


PS Obrigada poeta José Balbino de Oliveira por seu comentário  hoje a este poema publicado e 
Enviado por mim, Lilian Reinhardt em 11/03/2015
Reeditado em 11/03/2015, com o nome de "aquelas que não mais existem"
Código do texto: T5165717 / inspirou-me a republica-lo novamente, com algumas corrigendas.