CATACRESES
Há estrelas no céu da minha boca.
Há fome na boca do meu estômago.
Há mamilos no peito dos meus pés
E raízes nas batatas de minhas pernas.
Tais estrelas me sufocam, fico engasgado.
Esta fome nunca passa, é que falo demais.
Mamilos que nada servem. Só decoração
E as raízes ora são doces, ora se esfarelam.
Nas asas das xícaras imagino intenso voo.
Nos pés das cadeiras e mesas me sustento.
Nos braços das poltronas deixo-me levar
Até onde minha cabeça de prego raciocinar.
Se nos dentes de alho não há cáries, deveras,
Então me alimento das maçãs do meu rosto!
DE Ivan de Oliveira Melo