PARABÉM
Parabém pra você que ressurge do nada
Que assanha os cabelos e engole
às pressas um trago de água
ardente, cheia de graça
na praça.
O banco vazio ao seu lado espera um visitante
anônimo, esquecido e apregoado várias
vezes em protocolo pelo porteiro do
tribunal de contas da vida onde
o juiz incauto condena
sem pena.
O largo da praça é palco pra meninas e seus ventres
crescidos sem endereço e com praga de mães
contra os destinos das filhas cheias que
escolhem fugir do chicote e do medo,
da mácula e da vergonha
de crerem em cegonha.
O absurdo e o nó guardam amarga semelhança
com o vazio pardo na boca do estômago do
jovem farol sem pilhas às seis da tarde
correndo pra sua amada ferida
e perdida nua
na rua.
O encontro sombrio e doloroso revela um sonho e uma
verdade escandalosa com traços de picadeiro
boca vermelha e olhos pintados de azul,
muita maquiagem colorida.
É a vida e o defeito
sem direito.