Sumindo na parede neblinosa de Curitiba

Alguém andou me perguntando, como tenho vivido

me alimentado

o que ando achando desse inverno,

em quem eu vou votar...

por preguiça, lapso, eu nunca respondo

tenho umas panelas emprestadas

um quarto que come metade do meu salário, com um emprego

tão medíocre que nem vale a pena me estender

A vida pode até ser bonita, conquanto você não repare nos detalhes

essa casa estranha...

Essa música cotidiana, que sempre me surpreende em alguma nota na qual não havia reparado

Eu posso ter câncer,

uma bala alojada na cabeça

Que diferença isso faz?

Alguém andou perguntando, como ando me sustentando nesse mundo.

Alguém sem rosto bateu na minha porta

e antes que eu pudesse responder

que eu me pergunto como ando sustentando esse mundo pesado e sujo dentro de mim

esse alguém sem rosto se foi

me dando às costas,

sumindo na parede neblinosa da noite de Curitiba

R A Ribeiro
Enviado por R A Ribeiro em 22/08/2017
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