Sumindo na parede neblinosa de Curitiba
Alguém andou me perguntando, como tenho vivido
me alimentado
o que ando achando desse inverno,
em quem eu vou votar...
por preguiça, lapso, eu nunca respondo
tenho umas panelas emprestadas
um quarto que come metade do meu salário, com um emprego
tão medíocre que nem vale a pena me estender
A vida pode até ser bonita, conquanto você não repare nos detalhes
essa casa estranha...
Essa música cotidiana, que sempre me surpreende em alguma nota na qual não havia reparado
Eu posso ter câncer,
uma bala alojada na cabeça
Que diferença isso faz?
Alguém andou perguntando, como ando me sustentando nesse mundo.
Alguém sem rosto bateu na minha porta
e antes que eu pudesse responder
que eu me pergunto como ando sustentando esse mundo pesado e sujo dentro de mim
esse alguém sem rosto se foi
me dando às costas,
sumindo na parede neblinosa da noite de Curitiba