DIÁSPORA

Cresce o matagal ao longo das estradas

Assim como crescem os pelos do meu corpo.

Vejo nos acostamentos lambujens de lixo

A maltratar a paisagem ícone e desfigurada.

Morre o sertão gretado e cheio de poeira

Bem como fenece minha pele suada pela faina.

Noto que não há campinas, mas terra lascada

Pelo sol que tosta de azedume toda a sujeira.

Sofre a passarada que busca atônita um oásis

E o poeta, iconoclasta, serve-se do que é lápis

Para esculpir em palavras miasmas da natureza...

Lentamente o azul do céu cede lugar às estrelas

Que, acanhadas, lançam lágrimas sem retê-las,

Pois igualmente sentem desfaçatez e incerteza!

DE Ivan de Oliveira Melo

Ivan Melo
Enviado por Ivan Melo em 21/08/2017
Código do texto: T6090422
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