DIÁSPORA
Cresce o matagal ao longo das estradas
Assim como crescem os pelos do meu corpo.
Vejo nos acostamentos lambujens de lixo
A maltratar a paisagem ícone e desfigurada.
Morre o sertão gretado e cheio de poeira
Bem como fenece minha pele suada pela faina.
Noto que não há campinas, mas terra lascada
Pelo sol que tosta de azedume toda a sujeira.
Sofre a passarada que busca atônita um oásis
E o poeta, iconoclasta, serve-se do que é lápis
Para esculpir em palavras miasmas da natureza...
Lentamente o azul do céu cede lugar às estrelas
Que, acanhadas, lançam lágrimas sem retê-las,
Pois igualmente sentem desfaçatez e incerteza!
DE Ivan de Oliveira Melo