REINO IMPRECISO
Vem, soberana das horas que sonham,
Pelas calçadas dos dias em fuga –
É, em todo caso, tão cedo!
– quando o pardal já sem medo retorna
E entre as promessas do sol celebrado
Traz as certezas jamais aprendidas.
Sempre a surpresa dum reino impreciso,
Calça as sandálias da pressa
Como quem supre de urgências o agora.
Outro é o escoar das areias do tempo
Sob seu domínio tirânico e belo,
Sempre o que pesa ao abrigo da luz.
Doze estações mais voláteis que o éter
Mal chegam partem no incêndio
Lento das coisas que sabem morrer,
Sonham destinos ignotos, procuras
Tantas veladas no vórtice eterno –
Eis a espiral do devir no que dura.
Vem, denuncia o que é fátuo e não vale
Mais que a primeira impressão.
Fere uma trilha na espessa textura
Desses silêncios urdidos no dorso
Doutra manhã nas calçadas e pátios
Cinza, em degraus das escadas estúpidas.
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