Selvagens
Nossos corpos se entreolharam,
Num instante te traguei em silêncio,
Bebi do teu desejo
E me satisfiz com tua carne.
Fomos nós por um momento,
Mas os corpos se dilatavam
A vontade de estar em ti
Devorava-me por dentro.
Tive-te por um instante,
Mas os corpos se envolveram
Possuíram-se sem segredos ou medos
Com vontades, sem vaidades.
Nossos corpos se perderam de quem somos
A voracidade da insensatez
Despiu-nos sem nenhum pudor,
Sem constrangimentos, sem receios...
Procuramos vaidades,
Inverdades
Deleitamo-nos em nossas vontades
Surpreendemo-nos com nossos desejos,
Segredos
Despertamos de nossa insana realidade...
O desejo voraz de nos pertencermos,
As vaidades da satisfação carnal
Os sins, as pausas, os nãos
Tudo e nada ao mesmo tempo...
Apenas a vontade de um estar no outro
De ambos se pertencerem
Da vontade e satisfação do gozo
Cheios do tormento que é querer
E não ter...