NÃO SOU MOTIVO
Não sou motivo para partir o peito
Não sou pretérito mais que perfeito
Eu sou o grito engasgado que ressoa
Dentro do corpo sem função, à toa
Não sou motivo de chuva de aplausos
Mesmo prosa ninguém ouve os causos
Que conto na recepção do pronto socorro
Ou em ruas que pela noite só eu percorro
Não sou motivo para tanto curativo
Apesar das feridas ainda estou vivo
Quando o contraceptivo é esquecido
O amor frio fica um pouco aquecido
Não sou o sentimento mais inseguro
O seguro de vida não garante futuro
Sou apenas a palavra contra o papel
Meu nome é apenas luzes no painel