LINGUAGEM
Torço as palavras como torço as pálpebras...
Num vocábulo erudito ponho pimenta cotidiana
E o transformo no mais fútil de todos os nomes.
Num termo grosseiro posso pô-lo a evidência
E metamorfoseá-lo a ponto de torná-lo culto,
A esbanjar uma polissemia virótica e gramatical...
Toda a essência do léxico está em mãos do escritor
Que rola e rebola as palavras ao seu bel prazer,
Mexe e remexe na abastada semântica do idioma
E, assim como torce o estilo, pode torcer o tornozelo.
Não há exaustão quando o veículo é a linguagem,
Não existem aptidões de chulos e clássicos, é miragem!
É mister a observância das normas morfossintáticas
A fim de que a mensagem tenha em si o espírito crítico
E a fonética possa bailar de acordo com a diacronia!
DE Ivan de Oliveira Melo