CARACTERES
(Parábola do bom samaritano)
Na estrada para Jericó,
as feridas do viajante
despojado, rosto no pó,
por um ladrão mutante:
- o que é teu, é meu.
Nessa mesma estrada
passa avaro sacerdote.
Vendo a cena, alarga
o passo, apressa o trote:
- o que é meu, é meu.
Passa nesse caminho
um levita indiferente,
lendo um pergaminho
finge não ver o parente:
- o que é meu, não é teu.
Até que um estrangeiro
piedoso parou a viagem.
Sem apego ao dinheiro,
azeitou, atou as feridas,
conduziu-o à estalagem,
pagando o seu repouso:
- o que é meu, é teu.