A vida é breve
Eu não entendo. Não entendo sobre quase tudo o que sinto. Entendo um pouco sobre não entender. E isso me deixa livre de todas as fórmulas, todos o esforços demonstrativos e vãos.
Mas a liberdade não elide a brevidade. A vida é breve, ainda que a alma seja vasta e vasto seja o mundo; mundo, mundo, vasto mundo. Não entender só o faz mais fundo. Eu mergulho.
E de ser breve a vida e a liberdade ser o quanto basta, ou o que ainda não tem nome, sem ter a tardar, tudo o quero é o cheiro de sal sentido no corpo, penetrando a superfície até a vida interior.
E envelhecer, dirigida pelo impossível, sem a angústia de não ter entendido. Apenas guardar, serena e calma, o curso secreto da existência, reservado às mãos encontradas, em silêncio.