GOSTO DE SANGUE UNIVERSAL
Alta e fria noite,
Dor espanhola com gosto de sangue universal.
Sentimento rubi
De mim e de ti
Do amanhã que será outro dia tão igual,
Da fala que não sei se virá
Além da lousa da sala fria,
Ou aquém das fronteiras
Das últimas carteiras,
Nos olhares cobertos de fios dourados
Leve sorriso de lábios amaciados,
Silêncio de olhos brilhantes,
Falantes e silenciados.
Dor espanhola com sabor de Paris,
Da bala sem rumo na mãe
A parir,
Amanhã vou guardar a viola
Pendurar a sacola
E partir.
Vou ao longe para sentir
A tristeza dos desterrados,
Dos países assolados
Pela fúria humana
Desumana.
Amanhã, se me puderes ouvir,
Vou dizer que te amo
Ainda que de costas
E sem mostrar o rosto
Direi do amor a contragosto
E rezarei de mãos postas
A Barcelona, Paris,
Do Norte à América
À saudade infeliz
Desta luta homérica
De se viver por um triz.
Dalva Molina Mansano.