GOSTO DE SANGUE UNIVERSAL

Alta e fria noite,

Dor espanhola com gosto de sangue universal.

Sentimento rubi

De mim e de ti

Do amanhã que será outro dia tão igual,

Da fala que não sei se virá

Além da lousa da sala fria,

Ou aquém das fronteiras

Das últimas carteiras,

Nos olhares cobertos de fios dourados

Leve sorriso de lábios amaciados,

Silêncio de olhos brilhantes,

Falantes e silenciados.

Dor espanhola com sabor de Paris,

Da bala sem rumo na mãe

A parir,

Amanhã vou guardar a viola

Pendurar a sacola

E partir.

Vou ao longe para sentir

A tristeza dos desterrados,

Dos países assolados

Pela fúria humana

Desumana.

Amanhã, se me puderes ouvir,

Vou dizer que te amo

Ainda que de costas

E sem mostrar o rosto

Direi do amor a contragosto

E rezarei de mãos postas

A Barcelona, Paris,

Do Norte à América

À saudade infeliz

Desta luta homérica

De se viver por um triz.

Dalva Molina Mansano.

Dalva Molina Mansano
Enviado por Dalva Molina Mansano em 18/08/2017
Código do texto: T6087518
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