FANTASIA (in: Goiânia Post-Mortem)
Ainda hei de escrever
O mais belo dentre todos os poemas!
Mas não será num caderno ou em folhas avulsas;
Nem terei a pretensão de gravá-lo em pedra,
Como fazem os mais ousados.
Mas será tua pele o meu papiro:
Profanarei o contorno de teu dorso
Com minha pena
E com minha tinta
Macularei teus ombros.
Meus sonetos sairão tortos
Nas curvas de tuas coxas,
Porém as rimas serão simétricas,
Como os dedinhos de teus pés
E teus calcanhares,
Aos quais não faltarão beijos...
Desvirginarei tua pele morena,
Escrevendo nela versos apaixonados,
Para depois apagá-los
E começar tudo de novo!
Será esta minha maior obra
(Ainda que transitória):
Escrever em teu corpo poemas de amor,
Cuja tinta pode se apagar,
Mas que deixarão marcas indeléveis
Em nossos corações apaixonados.