O Apocalipse das matas

— Cadê minha mata virgem?

Sem o homem tocar

— Cadê a orquestra das matas?

Com os seus pássaros a cantar

— Cadê o oxigênio do mundo?

Que não se pode respirar

Jaguatirica e Sussuarana

Macaco-prego e Tamanduá

— Cadê meu Mico-estrela?

— Cadê meu Lobo-guará?

Sapucaia e Seringueira

Palmito-juçara não há

Pau-rosa e Andiroba...

— Cadê meu Jatobá?

Imbuia e Castanheira

Cedro-rosa e Pinheiro-do-paraná

Itaúba e Braúna...

— Cadê meu Jacarandá?

— Cadê a Madeira de lei?

Mogno e Jequitibá

— Cadê meu Pau-Brasil?

Que a muito tempo não há

Levado pelos portugueses...

Não dá mais pra recuperar

— Cadê vovô?

— Cadê?

— O netinho a indagar

Num futuro tão incerto...

Nem o papai responderá

E se não cuidarmos das matas...

Nada disso existirá.

LUNA, Gabriel de Lima. O Apocalipse das matas. Rio de Janeiro: 2016

gabrielluna
Enviado por gabrielluna em 17/08/2017
Reeditado em 20/08/2017
Código do texto: T6086903
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