O Labirinto de Mim
Palavras e emoções
Às vezes me seqüestram para o passado
No qual me vejo caminhando por um labirinto
Onde apenas nebulosa e vaga claridade
Me anunciava a saída...
E me vejo dando voltas, muitas voltas,
Somente indo e vindo, indo e vindo,
Ora perplexo, ora angustiado, ora apavorado...
E quando estava prestes a sair,
Avizinhando-me da vaga e nebulosa claridade,
Me perdia de novo!...
E recomeçava a difícil caminhada
Em que havia ciclos de luz e de obscuridade.
E era tão penosa a caminhada,
Que muitas vezes não distinguia direito
Quando terminava um ciclo e começava outro!
Havia o chão escorregadio das emoções torturantes...
Havia o peso danado e asfixiante
Das drogas e do álcool, prendendo os meus pés
A esse chão de limo...
E mais um terrível peso:
O peso do meu coração atacado pela cardiomegalia
Do infortúnio amoroso e do abandono,
Ameaçando explodir de dor!...
Era um labirinto terrível, enfim,
Pois era o labirinto de mim!...
Quebrados os grilhões do álcool e das drogas
E encontrando gentis médicas do amor,
Que medicaram o coração anômalo,
Avancei, leve e afoito,
Para a vaga e nebulosa claridade.
E saí!
De cabelos brancos, não afeito
A andar em linha reta e clara,
Esvaziado de sonhos
E roto de esperanças,
Eu saí!...
“Mas, enfim, livre!” Quis comemorar,
Mas não pude!
Tinha perdido a maior parte da minha vida,
Andando em linhas tortas nesse labirinto.
E depois desse escasso tempo que me resta,
Para onde irei?
Não sei. Nunca soube! Nunca tive têmpera,
Alma ou disposição,
Para aceitar o canto da sereia das religiões humanas,
E sonhar com o meu Céu ou temer o meu Inferno!
Para onde irei? Não sei, não sei!...
E assim,
Volto para o labirinto de mim!...