O TEMPO, BOBO VOLÁTIL.

Agora mesmo renasci,

o tempo nos leva e nos traz,

ele brinca com a gente,

é senhor das alegrias e tristezas,

ele me pegou, eu e meu álbum

de fotografias,

acordou lembranças que estava

mofadas na minha memória,

ele disse, é ela que quero

que renasça em ti,

sinta o cheiro, então entrei

no passado,

e ai me veio o cheiro volumoso

de bolinhos de chuva,

a travessa cheia me atravessou,

e os olhos de pidão do

cachorro Valete,

derramou meu coração

em lágrimas,

lá fora o mundo vadiava

e me construía,

lhe afirmo, um poeta

se constrói com fogo e paisagem ,

o poeta arde, sente o invisível,

ele olha, e na sua calma,

não se mede a dor.

minha mãe dizia, cachorro

trata-se é com restos de pratos,

como doía estas palavras,

em minha alma, uma voz

dizia,

cachorro vive, sonha, e ama,

e agora o vejo,

seus olhos piedosos,

sua cauda derramada sobre

a tablado da cozinha,

e a conversa dos adultos

tomando outros rumos.

Zinha não pagou os foguetes

da santa, Maria, tem que

acertar com ela,

a santa é uma preciosidade,

é dela que sai a proteção da

humanidade,

sozinho em meu tédio

eu questionava,

santa quer rojões?

santa pra mim não quer nada,

e assim recuei-me,

A roupa de Zé Berimbau

fede a mijo ,

as palavras saíram pela janela,

apanhei-as, ele fede, fede sim,

mas teus olhos reluz humildade,

neste ponto o poeta se constrói,

mas o tempo é um bobo volátil,

que passa entre os dedos,

mas uma coisa ele sabe,

como me trazer saudades.

Divino Ângelo Rola
Enviado por Divino Ângelo Rola em 15/08/2017
Reeditado em 15/08/2017
Código do texto: T6084969
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