O TEMPO, BOBO VOLÁTIL.
Agora mesmo renasci,
o tempo nos leva e nos traz,
ele brinca com a gente,
é senhor das alegrias e tristezas,
ele me pegou, eu e meu álbum
de fotografias,
acordou lembranças que estava
mofadas na minha memória,
ele disse, é ela que quero
que renasça em ti,
sinta o cheiro, então entrei
no passado,
e ai me veio o cheiro volumoso
de bolinhos de chuva,
a travessa cheia me atravessou,
e os olhos de pidão do
cachorro Valete,
derramou meu coração
em lágrimas,
lá fora o mundo vadiava
e me construía,
lhe afirmo, um poeta
se constrói com fogo e paisagem ,
o poeta arde, sente o invisível,
ele olha, e na sua calma,
não se mede a dor.
minha mãe dizia, cachorro
trata-se é com restos de pratos,
como doía estas palavras,
em minha alma, uma voz
dizia,
cachorro vive, sonha, e ama,
e agora o vejo,
seus olhos piedosos,
sua cauda derramada sobre
a tablado da cozinha,
e a conversa dos adultos
tomando outros rumos.
Zinha não pagou os foguetes
da santa, Maria, tem que
acertar com ela,
a santa é uma preciosidade,
é dela que sai a proteção da
humanidade,
sozinho em meu tédio
eu questionava,
santa quer rojões?
santa pra mim não quer nada,
e assim recuei-me,
A roupa de Zé Berimbau
fede a mijo ,
as palavras saíram pela janela,
apanhei-as, ele fede, fede sim,
mas teus olhos reluz humildade,
neste ponto o poeta se constrói,
mas o tempo é um bobo volátil,
que passa entre os dedos,
mas uma coisa ele sabe,
como me trazer saudades.