Poesia antiga para um mundo antigo
De mão em mão o copo passa embaçado
Pela fumaça seca e insatisfeita.
Quem sabe o que será de mim?
E de nós solúveis dentro da noite?
Asneiras demais, bobagens infantis no sofá;
A TV anda tão "down"!
Segredos velhos na soleira.
Falam alto quase em overdose,
Um globo querendo retirar nossos crânios e
Bochechas avermelhadas, e eu me deito mais
Insano e sério.
O cara com seu capacete roxo e guitarra
Nas mãos é o programa mais natural da galera!
O cara faz seu concerto musical em segundos
De frenéticas gargalhadas;
A parede é quem me segura depois do
Quarto de garrafas e de um colchão surrado;
Uma boca quer se fechar mas não pode, a garganta
Inferniza o pequeno quarto.
Álcool e maconha são o incenso da
Sala, cozinha suja, corredor, e de corpos
Esquálidos amanhecendo – empolgados e hesitantes;
Cabeludos malucos com selvagens viciados fazendo
"peso" na esteira filha da puta que mata
Belos e belas, artistas e fadas!
Quem nos entende? E o mais sacana:
Quem quer nos entender?
Por enquanto continuamos descendo pelas
Ruas da cidade perdidos – e você ri;
Perdidos na ventura que temos, mendigando
Por ouvidos e ambições sensoriais!