Céu de cimento

Céu de cimento

um arco-íris

em tom cinzento

***

Minha sombra de poeta

seja na minha pessoa

a única coisa concreta

***

Denso e acre

o silêncio de Deus

após um massacre.

***

Pintei minha aquarela

em amarelo aflito

da cor de um surdo grito.

***

Com o sol nos dentes

apagou as estrelas

e matou seus parentes.

***

Ao fim e ao cabo

perdi o elo com o sagrado

matei Deus e capei o Diabo.

***

Cartão de visita:

poeta - encanador

pintor - hermafrodita.

***

Som dissonante

organizando o silêncio

asfixiante.

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Fábio Mozart
Enviado por Fábio Mozart em 13/08/2017
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