Poesias satânicas: ode à figueira seca

Um violão cansado para mais uma canção

Uma música triste que precisa ser tocada

Um coração cansado, fatigado e insistente

Alguns acordes seguidos de uma voz intensa

Então cantou a velha música para o vento

Os jovens não a entendem e não a ouvem

Mas insistiu pois não havia outra esperança

Tocou pra seu coração e seu passado a ouviu

Suas lembranças vivas ressuscitadas e outras

Também estavam lá suas dores a acompanha-lo

Não estava mais desacompanhado na multidão

Alguma coisa havia mudado deste então

Seu sorriso tolo e sem graça agradecia a canção

E continuava a tocar para não esquecer o refrão

Não havia aplausos, mas sim ventos fortes

Anunciavam o inverno e saudavam a escuridão

A morte então buscou aquele homem a noite

Morreu como nasceu sem saber seu nome

O corpo e o violão estavam todos calados

Nada diziam da música que haviam tocado

Dizem que esta música ainda pode ser ouvida

Alguns jovens a tocavam no silêncio noturno

Alguns a sentiam na solidão dos invernos

No abandono sombrio da multidão anônima:

"Três vezes secas árvores em pé

Chorume em poços espalhados

Jesus amaldiçoou a figueira

Três homens se aproximaram

A morte na mão e na mente

Jesus amaldiçoou a figueira

Chorume em poços espalhados

A morte na mão e na mente

Jesus amaldiçoou a figueira

Três vezes secas árvores em pé

Três homens se aproximaram

Jesus secou a figueira sem frutos"

Wendel Alves Damasceno
Enviado por Wendel Alves Damasceno em 12/08/2017
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