Poesias satânicas: ode à figueira seca
Um violão cansado para mais uma canção
Uma música triste que precisa ser tocada
Um coração cansado, fatigado e insistente
Alguns acordes seguidos de uma voz intensa
Então cantou a velha música para o vento
Os jovens não a entendem e não a ouvem
Mas insistiu pois não havia outra esperança
Tocou pra seu coração e seu passado a ouviu
Suas lembranças vivas ressuscitadas e outras
Também estavam lá suas dores a acompanha-lo
Não estava mais desacompanhado na multidão
Alguma coisa havia mudado deste então
Seu sorriso tolo e sem graça agradecia a canção
E continuava a tocar para não esquecer o refrão
Não havia aplausos, mas sim ventos fortes
Anunciavam o inverno e saudavam a escuridão
A morte então buscou aquele homem a noite
Morreu como nasceu sem saber seu nome
O corpo e o violão estavam todos calados
Nada diziam da música que haviam tocado
Dizem que esta música ainda pode ser ouvida
Alguns jovens a tocavam no silêncio noturno
Alguns a sentiam na solidão dos invernos
No abandono sombrio da multidão anônima:
"Três vezes secas árvores em pé
Chorume em poços espalhados
Jesus amaldiçoou a figueira
Três homens se aproximaram
A morte na mão e na mente
Jesus amaldiçoou a figueira
Chorume em poços espalhados
A morte na mão e na mente
Jesus amaldiçoou a figueira
Três vezes secas árvores em pé
Três homens se aproximaram
Jesus secou a figueira sem frutos"