recordações 3
RECORDAÇÕES DE MEU PAI 3
Um cara bom
à memória do passamento do nosso pai Domingos em julho de 1967
Meu pai, sempre o cara bom.
Foi, mas não se deixou levar.
Um dia, inda cedo na sua vida,
Contraiu esta moléstia ferina,
Que o levou tempos depois...
A sua coragem em enfrentar
As desavenças da mala-sorte
Faria suspirar a última vez
Dizendo: tô gelado sim, filha,
Mas não tem importância.
Frente ao desespero da filha,
Que a morte é parte do viver,
A parte mais lógica, explicita
Talvez a mais merecida... Ou
Não, mas a parte mais certa.
Nas incertezas de caminhar
Ele dizia e provou que, enfim,
Chegada sua hora, a coragem
Do homem acima do medo
Do macho raçudo de antes..
Este foi o pai que convivi,
Sem abraços e beijos, mas
De um amor rude e sincero,
Nas viagens, nas roçadas,
Nos portões dos sítios, que
Faríamos juntos, eu criança
Ele adulto, paciente quando
Saí do exame para exército
Estava esperando para dizer:
Tudo bem? Como a saber,
Conformando revide muda,
Não precisava de palavras.
Este meu pai, me domou
Fez-me pai também, antes
Orientou-me filho a viver,
Que me respeitou pessoa
A conviver a extrema hora
Como iguais, de mesma fé
Este meu pai, um cara bom,
A erigir um lar de sua casa.