O sanfoneiro e o moleque

O sanfoneiro toca para o céu,

Toca para as árvores e seus frutos

E tudo vai desabrochando e alegrando

Junto das melodias que saem lá do morro;

A mulata desce pronta para amar;

E o doce aroma do crepúsculo instiga

Todo o alento de compor a paixão, graças

À brisa envolvente que acalanta os peitos

Que já extasiados, esquecem a dor

E ouvem o sanfoneiro.

Graciosos pinheiros, sonhadores rosais,

Dêem toda cor e poesia que almejamos;

Dêem a nau de lábios sussurrantes de

Prazeres ao moleque que em sua frouxa

Esperança vai apagando seu precioso vaga-lume.

Vejam e ouçam e lancem os seus carinhos

Ao moleque de riso lânguido que fita

Sem nada em troca o mar de suas fantasias

Que em sua forma viva corresponde-lhe

Com toda a fé, que ele nem sabe mais no quê.

Então o sanfoneiro toca e parece-lhe

Proferir algo que o faz inda caminhar

Em sua jornada de roteiro vago.

Não pare sanfoneiro! Por Deus!

Pois o moleque já canta contigo!

Inda não pranteou;

Oh meu sanfoneiro! Continue;

Dê com seu ditoso instrumento

A Magia a esse moleque

Que lhe ouvindo aprende a cantiga

Da vida;

Aprende que assim como a cantiga que

Se ouve lá do morro, é ele que compõe

A melodia da sua vida.

André SS
Enviado por André SS em 11/08/2017
Código do texto: T6080812
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