A voz

Sátiras, ironias, a dignidade fiz questão de

Entrelaçar com unhas arranhando e cortando

O pavor trêmulo como nunca se viu antes

Pulando no estômago do não ser.

Enrolei o rosto magro no tecido que

Encobre a cidade dos desavisados;

Menti meu rosto! O teu! Não existe

Cara nenhuma que irá sobrepor no

Mundo o que frita no que não existe;

O que não encontra-se em ti, pois não vês!

Você só se aguenta.

A câmera vai sorvendo novamente os sinos

Da luz da manhã ecoando pelas áreas

Intoxicadas pelos entulhos que sobressaem

Do medo.

Não um medo na solitude;

Neste ínterim desarma a insídia violando

O inviolável quarto, no subterrâneo

Vital lapidando o branco do incorrespondível.

A veia da vida sentindo as escadas

Oníricas e vendo o grafite na amplidão

Da poesia codificada.

As pernas são perturbadas, pelo cano gritam

Comprimidas narinas e o suor sufoca a

Visão; braços, ombros, pernas, mãos, olhos, orelhas

Se juntam fazendo a pasta úmida desembocando

Na refeição das abortadas crianças.

As imagens por si só vão pelas

Veredas, dando por incuráveis gametas

Alienados e alienantes no absurdo

Núcleo feito para o caos da vida;

Tudo foi escrito ambicioso e ao mesmo

Tempo mesquinho pelo invisível;

As têmporas vieram do enigma e irão

Desencadear para a demência. No fundo

Encontram-se e caminham juntas.

O Divino, eu vejo nos subúrbios e na capital

Sem rosto, mas Ele grita no meu peito

Fumegando a droga que nos junta e

Separa nos segundos que entorpecem.

Nus como são em imperceptíveis derrocadas,

O buraco remoto se denuncia azedo na

Carapuça arfando através de vidas na

Alucinação abstrata;

E essa arruinando-nos veloz, deixando transparecer

O Sonho que é a mãe cristalina do homem.

E esse refazer de Amor vê o teatro de um ar

Que sobrevoa diante dos pincéis do idílio que nasce

Do seio das mulheres. Dilatando a loucura sã, no

Desconcerto do povo!

Em São Paulo me deito olhando com atenção

De pervertido, a ladeira do meio-dia aceitando

Mais um dia que me pega assim...

Prazeroso de lavar a paixão no amanhã e

Embebedar o hoje dos quentes olhos do

Querer!

A Paulista me deixa pequeno, atravessando

Meu fígado áspero longínquo, cego no

Abandono quando as cortinas se fecham

E as corujas talham a consternação do

Oásis.

Me fica rompido o rio e aporta

Naquela tez de harpia, glória finda;

Delito no zodíaco; plena felina de

Cetim até seu ícone matar e nascer

O signo da terra pindorama.

Liga o brasão do tigre sem palavras!

Sempre que vê a música no ladrilho

E nós pelo cheiro do veraneio, alegrando

A dança da janela serena.

Ajeitando gastaremos o pólen que declina

Sobre o sangue;

Dedilhando encheremos os ossos com

Vidros que rasgam nossos corpos quando

Choramos de tanta perfeição!

Falsifico-me e nada destila o que

Se foi do brilho do escondido vilarejo

Dentro do espírito ampliado no reflexo

Sedento!

O reflexo do reino expulsando os desenhos

Da vida.

Digna de se assimilar ou não em sua pureza

À toa. À toa no fogo da ruína sempre aqui;

Na reta as ideias somos nós;

Você? Você? Sua fé é minha sugestão de

Morte do enigma para a transcendência;

Meu cepticismo deixa-me anulado e

Morto de sentir que a solidão é a voz verdadeira

Do existir.

André SS
Enviado por André SS em 11/08/2017
Reeditado em 02/04/2020
Código do texto: T6080803
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