UMA ALMA VIAJANTE...
“A verdade é uma agonia sem fim. A verdade deste mundo é a morte. É preciso escolher: morrer ou mentir. E eu nunca me consegui matar.” Louis-Ferdinand Céline
Já fui beduíno cruzando a Península Arábica.
Já orei a Maomé, o verdadeiro profeta de Alá.
Já nadei no Tigre e Eufrates; e cavalguei nas
Guerras mesopotâmicas. Muito feliz fui por lá.
Fui seminômade no México, na civilização asteca.
Já plantei e colhi milho na lama dos vales férteis.
Eu lavrei o Código que hoje se diz de Hamurábi.
Nos dias de folga, visitava os Jardins suspensos.
Já comercializei pedrarias e perfumes em Cartago.
Com os cartagineses, lutei contra a Grécia e Sicília.
Com os Celtas, brinquei de metalurgia e fui artesão,
servo e sacerdote druida bem reputado e de mando.
Com os chineses, inventei a pólvora e o compasso;
concebi a técnica de fabricação da seda e prensas.
Nas margens do Nilo, fiz fartas colheitas e projetei
as técnicas de construção das Pirâmides dos Faraós.
Já permutei mercadorias no litoral do Mediterrâneo.
Inda com os fenícios, criei um conjunto de símbolos
que se chamou alfabeto. Confesso que, nesta missão,
a Grande Mãe e Baal (o deus protetor) ajudaram-me.
Fartei-me de cultura nas urbes de Atenas e Esparta
e, ainda na Grécia antiga, eu vi nascer a democracia.
Os Incas ensinaram-me a adorar o sol, a lua, a terra
e o raio e também construímos templos esplêndidos.
Com os incas, erigi estradas, fortalezas e casa nobre
para o Soberano e alteramos a geografia dos Andes.
Os maias ensinaram-me sobre a rotação de culturas
e a crença da vida pós/morte e sacrifícios humanos.
Eu já pertenci a várias civilizações antigas da terra.
Já percorri os oceanos, desertos e conheço de tudo.
E, mesmo sabendo tanto, ainda não aprendi a calar
os sonhos que brincam de Deus nas noites de luar...