Remetente

Querido desconhecido

não escrevo-te a tempo

pois tempo não pode falar

Escrevo-te hoje por falta do falar

Escrevo-te ao branco nada

abstido em retornar

Se podes ver letras

em desmanche manchar

as sombras das minhas

pneumáticas palavras

são as cinzas

do que foram ontem meu respirar

Estes rabiscos escorridos em pensamentos

jamais ditos e os tímidos rasgos

são da terrível garoa que me ocorreu

Alagou as palavras

Vazio em breu

Sentes que não mais garoa é

que este envelope consigo leva

e sim tempestade ?

E cedo

Espero que aí chegue tarde