Teu Avesso
Eu venho do teu outro lado
O lado que ainda dói, ferida
Eu tenho nas mãos as flores
E olho em teu avesso imaginário
As figuras heróicas das nuvens
Eu procuro em ti cobiças
E outras coisas, objetos reais
Que em mim estão perdidos
E arde o teu fogo no meu sentido
E vamos carregando as cruzes.
Eu preciso que tu venhas depressa
Pode chegar descabelada, descalça
Mas venha e traga teus olhos cinza
Que junto aos meus relâmpagos
Farão chuva à nossa lavoura
Eu venho do teu longe há tempo
O meu caminhar sente teu chão
Eu tenho nas mãos as flores
Na alma coleções de desertos
Na boca uma palavra suspensa.
Milton Oliveira
09agosto/2017