REBULIÇO DE TEMPO

Oh meu espelho... Não precisava ser

tão duro! na sua pureza tão pura!

Quando sobressai, da sua tela escura,

mostrando-me como sou, fazendo rebuliço

de sentimentos em mim, empurrando-me

sobre o tempo para assistir o meu fim.

Oh meu espelho! todavia tens a mágica

de fazer o tempo escorregar pelas lacunas

dos sonhos e as vezes, até repugnar-me de

mim mesmo! Mostrando-me, de como eu era

n'aquela foto amarelada a qual está como

rede, pendurada na parede... A mesma foto

que as aranhas, telham as suas telhas, e fica

assim como se estivessem representando

as telhas da minha vida.

Falem o que quiserem falar, mas o meu

espelho é... O vermelho da sinceridade!

Ou quem sabe... O sinistro da obscuridade!

Todas as vezes que olho nele, ele mostra-me

o que meus olhos não querem ver...

As rugas da derme, as verrugas do tempo

essa carranca que desbanca o meu alento...

Mostra-me que outrora, eu era assim

como verde... Tinha ar e tinha sede...

Todo dia eu era visitado pela alegria!

Hoje tal qual como estou, assim desprovido

do amanhã. Com passos curtos pela

estrada da vida, eu estou murchando...

Murchando como se fosse folha a secar

exposta sob o ar.

Hoje o tempo que eu almejo, é o mesmo

que repugno-me, uma espécie de amor

e ódio... É meu espelho, te confesso... Que,

o mesmo tempo que eu preciso

para seguir adiante, é o tempo que você

me esboça acabando comigo, criticando-me

triunfante e triturando-me diante

da esperança.

Antonio Montes

Amontesferr
Enviado por Amontesferr em 09/08/2017
Reeditado em 09/08/2017
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