DE JANEIRO A JANEIRO.
Repousas na cama
macia do meu sonho,
já és minha por
inteiro,
sou teu de janeiro
a janeiro,
como és do mundo
a solidão,
desaba em mim
esse doce abismo,
recolha de mim o melhor,
o pior encoste num
canto,
para quem goste do azar,
porque querida,
o homem é composto
de demônios e santos,
é território escuro
a se desvendar,
descubra a noite em seu
melhor encanto,
e se abasteça de minha
imensidão,
desenhe estrelas em mim,
faça de mim um novo
céu,
por que atrás de tudo
no mundo,
está o desejo de amar,
mas escute, amar não
é fazer isso ou aquilo,
amar é ato tranquilo
bem como o balanço
do mar,
estarás sempre viva,
como água na mina,
prontinha a me saciar,
porque amor nunca acaba,
pode se pensar
ser até um chapéu com abas,
com sombras pra refrescar,
há, me olha neste intervalo,
continuo o mesmo orvalho
que encantou o teu olhar,
agora, abraça-me com
volúpia,
espie meu coração pulsar,
vamos de um mundo a outro,
e assim, após,
descemos e subimos escadas,
deitar, dormir e sonhar.