SEMPRE ASSIM, O AGOSTO


Sempre assim, o agosto
Calando paisagens
Pondo cinza em tudo quanto é canto
Feito um deus que enlouqueceu
 
Quase oposto das miragens da razão
Cada nuvem sugestão de rosto
Numa sanha desonesta
Quanto às margens do imprevisto
 
Sempre a garra que retorna
E revolve túmulos e acúmulos
Sem critério e adentra
Véus dalgum mistério obsceno
 
Entre os sinos que convocam
Nos domingos dura a nota que se fez intrusa
Pelos pavilhões que a sofrem
Como a acusação jamais negada
 
Assim mesmo, o agosto
Tem seu pouso alheado e irritadiço
Cegando janelas duma rua
Entristecida pelo tempo
 
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Israel Rozário
Enviado por Israel Rozário em 07/08/2017
Código do texto: T6076416
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