Quem sou ?
Já cansei de andar sem rumo
Por esses caminhos traçados . . .
Meus pés estão cansados,
Minhas sandálias só no solado,
Minha roupa esfarrapada
E a alma repleta de espaço . . .
Onde coloco minha mala,
Rota, desbotada e toda rasgada?
Onde descanso meu corpo
Faminto, cansado, magro, sujo,
Carente de um abraço?
O relógio da praça
Teima em marcar o tempo!
Para que, se só as horas passam ?
Quem passa, não me vê. . .
Se vê, apressa o passo . . .
Minha barriga ronca
E me sinto fraco . . .
Será que atrapalho
Aqueles que jantam no restaurante
Da marquise onde busco espaço?
No lixo, busco alimento.
Papelão é onde descanso o corpo
Coberto de jornais
Que trazem as notícias
Que os maiorais
Gastam milhões
Comprando votos. . .
Por que não nos vêem?
Estamos morrendo de fome,
Doentes, sem teto e sem esperança!