Reflexo tosco

Extensa monotonia pelos espelhos de absurdos

Enrugados, ossos gastos, varizes gigantescas;

Um rígido fervor guiado por vestes executando

Gentilezas infernais no espasmo do rosto.

Não há mais sentido nas rosas nem no nojo.

Não aceitei nada diante do vazio quando o

Reflexo tosco pára no dinamismo dos ais

Desafiando o caminhar canibal.

Em mim não faço buracos. Quem dera!

Se fizesse, saberia onde fiquei.

Onde fico. Porque só tiro e lanço para fora!

A cicatriz não se encontra, mas o gosto sim.

Os restos ainda me acham; eu lhes acho.

Deles eu tiro a vã glória pessoal que

Vai contra mim e às vezes fora de mim.

Eles jamais seguram esse turbilhão que

Cai ligeiro, todo isento de perguntas e respostas;

Jovial no sepultamento desordeiro vil

Rodeado pelo odor infiltrado nos fantasmas

Que sobre mim emudecem.

Façam orações, rezem, clamem, as ladainhas

Quero ouvir. Se os vidros quebrassem eu

Ficaria mais tranquilo.

Se meu corpo inteiro quebrasse eu andaria

Mais feliz pelos bairros e cidades sem mapas.

É mesquinho demais, é belo demais.

O tênis pisa sobre o espelho que se vê

Na noite seca e cansada de todos.

Não. Não quebra o espelho, nem sequer trinca;

Fere meus pés refletindo a dor em minha boca,

Vendo até onde o espírito enobrece e amaldiçoa.

André SS
Enviado por André SS em 06/08/2017
Código do texto: T6075717
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