Reflexo tosco
Extensa monotonia pelos espelhos de absurdos
Enrugados, ossos gastos, varizes gigantescas;
Um rígido fervor guiado por vestes executando
Gentilezas infernais no espasmo do rosto.
Não há mais sentido nas rosas nem no nojo.
Não aceitei nada diante do vazio quando o
Reflexo tosco pára no dinamismo dos ais
Desafiando o caminhar canibal.
Em mim não faço buracos. Quem dera!
Se fizesse, saberia onde fiquei.
Onde fico. Porque só tiro e lanço para fora!
A cicatriz não se encontra, mas o gosto sim.
Os restos ainda me acham; eu lhes acho.
Deles eu tiro a vã glória pessoal que
Vai contra mim e às vezes fora de mim.
Eles jamais seguram esse turbilhão que
Cai ligeiro, todo isento de perguntas e respostas;
Jovial no sepultamento desordeiro vil
Rodeado pelo odor infiltrado nos fantasmas
Que sobre mim emudecem.
Façam orações, rezem, clamem, as ladainhas
Quero ouvir. Se os vidros quebrassem eu
Ficaria mais tranquilo.
Se meu corpo inteiro quebrasse eu andaria
Mais feliz pelos bairros e cidades sem mapas.
É mesquinho demais, é belo demais.
O tênis pisa sobre o espelho que se vê
Na noite seca e cansada de todos.
Não. Não quebra o espelho, nem sequer trinca;
Fere meus pés refletindo a dor em minha boca,
Vendo até onde o espírito enobrece e amaldiçoa.