O gatilho
As horas gritam nos ouvidos congelados,
Vamos para essas famílias quebradas
Em avenidas reluzentes e insatisfeitas.
A geada está nos blocos sem mais
Nada de novo que engrandeça as bestas
Caras que conformam-se com o Nada!
O gatilho será apertado na direção
Das janelas que escondem babacas broxas
De paletós lambuzados;
Quando explodir, os papéis vão queimar.
Não sairá do gatilho bala nem medo,
Apenas nossa chutada lança de liberdade
Vestida de beijos gozados e utopias como
Adorno!
E quando a madrugada não cantar mais
E a horas não fizerem mais diferença,
Os malucos jogarão a poesia na poça;
E ela continuará esperando novamente ser
Colocada na frente dos castiçais da
Morte e o seu gatilho ser apertado,
Explodindo tudo que nunca foi sentido,
Ou até mesmo o que foi guardado no baú
Da indiferença humana.