Onde eu cuspo
nasce uma flor de sangue
meus olhos também sangram
A cidade sangra
não vou fazer nada mudar
não vou plantar sonhos
não vou cantar os hinos
Vou queimar bandeiras
nem que eu me foda
Poemas que eu vomito
são os gritos das almas que se corrompem
No vil sistema de vida que não há
Não há
Não há
Verso o que converso com Deus
e nem os meus palavrões absurdos
largam o luto de meu coração preto
Não sou poeta
Sou abstrato
Não tenho contrato firmado
Não tiro foto de gravata
Bebida não me mata
Não me mata estar vivo
Não preciso dessa reza
Não preciso dessa merda
Não preciso desligar
o rock que está tocando
Toca o diabo
Toca a fuça do ladrão
Na minha terra
não nasce um grão
da grande vergonha
do meu País
Para que ser feliz
se eu gosto
Eu trato
melhor os animais
que os homens
Minha voz, ai que dor,
O amor mata mais
que um poema de amor
Nada disso
é tão complexo
quanto plexo neural
Decúbito dorsal
Sal na língua
Na saída
Morte linda
para quem vai
na festa do amanhã
O barro que eu moldei
é o rei da minha história
Se quebra na memória
daquilo que não quero ser
Mário Sérgio de Souza Andrade - 04/08/2017