Caçamba da Minha Rua
Entulho sujo que entope, que acolhe e logo cedo solve
Caçamba da minha rua, nela a vizinhança os restos repousa
Da minha e sua calada e nua, joga-se fora muito entulha
Na calada da minha rua, suja, pulsa o luto do lixo e do que se recusa
Pula a pulga do trapo amassado, salta o riso do pobre flechado
Que é resto, é dispensável, é trapo, é trato, nu e crua
É entulho, é sujo, é rua, caçamba cheia que tudo entulha
Sou eu o lixo que próprio crio
Promovo o grito e o fomento alimento
É de você toda culpa do saco que amontoa o que dos sonhos sobra
O que dos anjos se goza, dos pássaros que voam aqui aflora
O peso do cheiro, o resquício do peso, hoje é lixo feito
Deixado na calçada, na sarjeta largada
Um resto de ti, um resto de mim.