Baratas de verão
Baratas de verão! Correm por aqui.
Baratas de verão! Sem ter porra nenhuma
Para fazer ou falar.
Baratas de verão! Saltando sobre as suas
Infelicidades.
Baratas de verão! Cobertas de pele podre,
Venham me dizer a verdade que já sabemos
Nos olhares e bocas cheias de dentes, traduzindo
A sua decadente ninharia.
Baratas de verão! Salpicadas e drogadas.
Baratas de verão! Cruas e sem ter boas
Trepadas desde que saíram com um pé e
Voltaram com o outro.
Baratas de verão! Com um ferro entre o peito
E o rim, perpetuando guerras mentais
Com todos os tapados a buzinar e a
Cuspir na terra fedendo.
Baratas de verão! Tragam os nossos
"baratos" que nos fazem beber o amanhã.
Em qual esgoto iremos agora já que
Todos morreram e não fizeram barulho?
A garota está definhando com um sorriso
Amarelo, mas ela sorri.
O garoto está desaparecendo de fome, mas
Ele ainda compra maconha e bebe conhaque;
Enchendo o rabo do velho, gordo, e porco senhor.
Baratas de verão! Toquem aquela música
Que fazem todos morrerem e nascerem
Piores ainda.
Sente-se, e espere o nosso sol passar,
Sorrir e depois se matar;
Feche os olhos e sinta a nossa lua
Seduzir e depois esculhambar.
Jovens entram e saem da máquina
De fazer cabeças ocas.
Estamos nos rastejando e tentando não
Se importar com as placas enferrujadas
Atravessadas em nós, e sempre egoístas.
Baratas de verão! As estradas nos
Esperam com seus arcanos indubitáveis.
Estou sem grana para pagar esse
Corte no céu incolor, os meus amigos
Também.
As lágrimas saem das pedras;
Os amantes saem histéricos dos buracos
Mais compreensíveis.
E essas ruas, esquinas, esgotos, e bares
Me remetem a um filme que não tem
Fim, nem sequer história,
Me remetem a uma cidade,
Com seu cheiro de vômito!