Hoje a bossa não tem limite
Noite chegou,
Promessas de paixão também,
A galera esperta vibra em comunhão,
Down ainda não chegou por aqui.
Que não chegue então!
As cordas do violão sambam em nossas mãos
Excitadas e alegres como os nossos corações.
Alguém diz:
-vamo canta!
Mas sem mulher, sem vinho, num dá pé.
E eu tava curtindo Caetano,
Viajando no meio do verde desses prazeres
Que nos fazem rir e pegar
As horas, que passam ante nossos olhos
Reluzentes, dilatados.
O Sol hoje vai demorar para raiar;
Bossa hoje não tem limite;
Holofotes sobre nossas cucas.
Asfalto: leito ambíguo do desejo
Largo em nós.
Pra madrugada os biriteiros cantam
Aquele velho samba;
Viva o samba carioca de Noel Rosa;
Viva o samba paulista de Adoniran Barbosa;
Os "homens" não podem nos ouvir agora.
Tá tudo solto no instante de beleza ímpar
Aqui, nos rodeando através dos
Nossos astros lá em cima.
Juntos, abraçados sabemos de tudo,
Sabemos dos segredos dessa chuva,
Sem estagnação improvisamos esse mundo.
O jantar já não é o mesmo.
O dogmático vazo vazio se quebrou;
Vaso ruim um dia quebra;
Quebra e vai pro ralo.
Arlequim, Pierrô e Colombina na esquina
Versejando sobre a vida;
A voz ainda não está rouca;
Ainda tem a força e a malandragem;
As cordas ainda não estouraram.
E viva o samba carioca de Noel Rosa;
E viva o samba paulista de Adoniran Barbosa;
Cantemos sem medo!
Cantemos com alegria!
Porque bossa hoje, não tem limite.