Inquietação
Mãe...
Você me contou que passando pela porta não se pode confiar
Tudo é sujeira
Mas não me disse que não tenho irmão
Que frieza é coroada rei na vida que permeia
Nas gírias aprendi muito mais que com o ler
Tentamos é esquecer o passado que não queremos reviver
Mãe de tudo...
Estamos tão rasos em rios vazios
Aqui não respeito, prefiro competir
Frase que sai escoando em veios, ecoando no vazio
Geração filha de filhos de todos os pais e todos os hinos
Vale ancestral pare de rir de nós que passamos rápido
Um talo aberto, uma teia assimétrica, sigo pro porto
Mãe você me ensinou a rabiscar, agora pare de falar
A tristeza manchada como o sangue que seca
Numa manhã fria pros coqueiros daqui, o chão respira
Aquele que se jogou fora da embarcação e nem pra falar
Espero por vocês
Mãe, com o tempo vou aprender a desenhar
Vou te mandar cartas onde eu estiver
Espero o clarear
Espere por mim não vou demorar amigo
Sei que essa viajem é vertigem, meus sentidos enjoam
Mãe segure minha mão, sempre serei seu, mas sabe
Tenho que ir e deixar os rabiscos
Um sol nasce em mim todos os dias, molhado pelo chuvisco
Tento não ser ingrato, vou passar rápido e vocês não vão ver
Amigo se você ficou pra trás eu respeito, logo te vejo
Mãe eu aprendi!
Mesmo assim eu sei que nesse lugar somos todos peões Companheiros a bordo me falam
O capitão não gosta de perturbação
E de onde vem suas ordens, não tenho escolha, o aqui ou água
A terra só nos boatos, de um capitão nada determinado
Parece-me mãe, que o que presta e importa está aqui
Não vou pro mar nem espero terra, aprendo com o enjoou
Diga que estamos bem, mutilados sorridentes
Sozinhos na guerra