Inquietação

Mãe...

Você me contou que passando pela porta não se pode confiar

Tudo é sujeira

Mas não me disse que não tenho irmão

Que frieza é coroada rei na vida que permeia

Nas gírias aprendi muito mais que com o ler

Tentamos é esquecer o passado que não queremos reviver

Mãe de tudo...

Estamos tão rasos em rios vazios

Aqui não respeito, prefiro competir

Frase que sai escoando em veios, ecoando no vazio

Geração filha de filhos de todos os pais e todos os hinos

Vale ancestral pare de rir de nós que passamos rápido

Um talo aberto, uma teia assimétrica, sigo pro porto

Mãe você me ensinou a rabiscar, agora pare de falar

A tristeza manchada como o sangue que seca

Numa manhã fria pros coqueiros daqui, o chão respira

Aquele que se jogou fora da embarcação e nem pra falar

Espero por vocês

Mãe, com o tempo vou aprender a desenhar

Vou te mandar cartas onde eu estiver

Espero o clarear

Espere por mim não vou demorar amigo

Sei que essa viajem é vertigem, meus sentidos enjoam

Mãe segure minha mão, sempre serei seu, mas sabe

Tenho que ir e deixar os rabiscos

Um sol nasce em mim todos os dias, molhado pelo chuvisco

Tento não ser ingrato, vou passar rápido e vocês não vão ver

Amigo se você ficou pra trás eu respeito, logo te vejo

Mãe eu aprendi!

Mesmo assim eu sei que nesse lugar somos todos peões Companheiros a bordo me falam

O capitão não gosta de perturbação

E de onde vem suas ordens, não tenho escolha, o aqui ou água

A terra só nos boatos, de um capitão nada determinado

Parece-me mãe, que o que presta e importa está aqui

Não vou pro mar nem espero terra, aprendo com o enjoou

Diga que estamos bem, mutilados sorridentes

Sozinhos na guerra

Onalim Andrade
Enviado por Onalim Andrade em 03/08/2017
Reeditado em 03/08/2017
Código do texto: T6073419
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